Arquivo mensal: setembro 2011

peru-china: sem escalas

Há modismo em tudo nessa vida. Absolutamente tudo. Na gastronomia, já passamos pelas temporadas de salmão, espuma, vieira, flor de sal, fois gras, cozinha espanhola… A última introdução, pelo menos a tentada aqui no Brasil, foi a da cozinha peruana, o problema é que a moda só pegou em São Paulo, pois em outras cidades, nem exótica ela ainda conseguiu ser. Aproveitando o Rio Gastronomia, fui conhecer o único restaurante peruano no Rio de Janeiro, o Intihuasi.

Todo mundo conhece este restaurante mesmo sem nunca ter ido ou sem sequer saber o nome. É como buscar no Google: restaurante + peruano + rio de janeiro = “Ah, aquele na Barão do Flamengo”. Sim, aquele no Flamengo, tão pequenino, mas que chama atenção (é pequeno mesmo, por isso é bom fazer reserva). Meu conhecimento de cozinha peruana limitava-se a cebiche, batatas de todos os tipos e milhos de todos os tipos, além do aji, uma das pimentas nacionais, e eu não estava errado, mas o surpreendente é o que se faz com estes ingredientes. O menu para o Rio Gastronomia era cebiche de entrada, risoto ao açafrão com quinua e camarões, e um creme de milho roxo com frutas de sobremesa. Uma sequência muito bem equilibrada e executada. Por fora, pedi um sorvete de lúcuma para experimentar, mas não dá para dizer que amei.

Cebiche de peixe, milho verde, batata doce e milho gigante do vale sagrado!

Creme a base de milho roxo com frutas desidratadas

O Intihuasi abriu as portas em 2004, fruto do casamento de um brasileiro com a chef peruana Margarita Isabel. Pratos bem cuidados e serviço simpático. Ah, e os preços? Muita gente acha caro, mas eu acho justo. Deve-se levar em conta que eles trabalham com frutos do mar frescos e muitos produtos importados, então… Bom, tomara que a moda peruana pegue. Se os brasileiros aprenderam a gostar de peixe cru, por que não iriam gostar de cebiche – que nem cru é? Eu adoro e ainda ponho mais aji.

A poucos quilômetros ao norte do Flamengo, mas precisamente na Tijuca, um restaurante chinês sem charme algum tem uma das melhores comidas da cidade. Se você quer comer uma comida japonesa de qualidade, vá aonde os japoneses vão, logo, se você quer comida chinesa fora da caixinha, vá aonde os chineses vão.

A Grande Tijuca se tornou o bairro de coração dos chineses cariocas, isso explica a quantidade de restaurantes chineses na região, e nenhum deles é badalado, são do tipo “pequenos tesouros que poucos conhecem”. O Art China é um deles, fica quase na esquina onde Roberto Carlos encontrava Erasmo. Pelo que me pareceu, ali funcionou um restaurante à quilo, e pouco se mexeu na decoração e estrutura – não há um detalhe vermelho! Talvez eu esperasse um clichê, mas o que é um clichê chinês? Vai desde paredes e dragões vermelhos até o básico do funcional, então espera-se de tudo!

O tradicional rolinho primavera. Estava excelente!

Sopa wong tong, um dos meus preferidos. Caldo apurado e massa delicada

Carne de porco agridoce

Costelinha de porco com laranja. Aparência feia, mas sabor belíssimo

Refogado de mostarda chinesa

A atendente não falava português e era um tanto agressiva, mas depois veio outra, que também não falava português, mas mostrou-se muito simpática e atenciosa. Quando não soube dizer como era o prato, simplesmente foi até a cozinha pegar os ingredientes para nos mostrar. Demos o sinal universal de OK. Tudo veio muito rápido e delicioso! Quantidade monstro, pedimos quatro pratos (sem contar o rolinho primavera, que sempre serve de termômetro) que davam para alimentar seis – estávamos em quatro. A conta deu mais ou menos 120 reais. Saímos satisfeitíssimos com a comida, a única queixa foi com o ambiente e os pratos de serviço – prato de plástico e chá em copo de vidro não dá -, mas aí o Art China deixaria de ser um “tesouro” para poucos.

Intihuasi: Rua Barão do Flamengo, 35 D. Tel: 21 2225-7653.

Art China: Rua do Matoso, 195 I – entre Dr. Satamini e Haddock Lobo. Tel: 21 3546-4888/3546-4889.

PS: Desculpe pela qualidade das fotos.